sábado, 23 de novembro de 2024

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DOS FUNDOS DO QUINTAL (II) – Das simplicidades à singeleza

Limpar o ‘fundo do nosso quintal’… Necessário se faz! Com acuidades de sentidos

Simplicidade, no ‘fundo do quintal’ – material e existencial – como os sinos do Santuário do Menino Jesus de Praga, ao lado da minha casa, sempre ecoando, no exato momento em que eu cuidada da Mãe Terra – Mãe Útero – Gaia, a ser preservada – continuada; confinado, em reconstrução, me ressignificava. Não tinha noção, eu, o que estava ‘porvir’.

Soms ‘devir’. Projeto, potência…. Nos projetamos para frente – projectare (latim).

Penso termos toda nossa história lá no ‘fundo do quintal.’ Onde estão nossas reminiscências, mazelas, gratidão, audácias e, vitórias, mostram-nos um reconstruir. Mas, verdadeiramente, o ‘fundo do quintal’, quando produzido em vida, nos dá esperança e ressurreição. “Vida nova”!

Simplicidade, como o sair da “dormência das sementes”, nas hortaliças, acredito eu; quando fazemos silêncio em nossa alma; e, perscrutar ao outro – construindo, participando da construção da identidade, que nos é propiciada – ou permitida (?); naquilo que somos nós mesmos…. Nós, nossos desejos?

Construirmos nossos próprios desejos (?)!…

Com incógnitas: ‘somos nós mesmos, o resultado dos nossos próprios desejos? – ou, no resultado dos desejos dos outros que nos fizeram? O que somos de nós mesmos? Será preciso pensar: ‘Somos sementes saindo da dormência!’

A pandemia levou-nos em mão dupla: de um lado, o isolamento, de outrem, a incógnita: ou nos protegemos – num confinamento – ou, “ganhamos o pão de cada dia” (contaminamo-nos) – dualidade; duelo pela sobrevivência. Luta de cada semente plantada na horta do ‘fundo do meu quintal’. – nosso quintal existencial.

Bem nos fez refletir Shakespeare, em pensarmos, refletir sobre devamos morrer ou nos contaminar.

Recebemos o decreto mundial do confinamento, com suas particularidades.

Comunicado que fui, pela epidemiologia e infectologia da UNIFAL (03/02/2020), com e-mail, em atestado médico remanescente, com “síndrome de deficiência respiratória”, diagnosticado ao mês de junho de 2019, claramente, transportando para linguagem objetiva, instaura agora o seguinte decreto: “Encaminho atestado/declaração para trabalho home office”. Ou seja, ‘se você pegar COVID-19, vai morrer – entre em confinamento imediado’.  A totalidade de nossa população, entrou em ‘confinamento’ no início de abril de 2020. Eu (e outra minoria), estamos desde de 04 de fevereiro, daquele ano, confinados. Aprendizado árduo.

Nunca pensei que, um aprendizado, mesmo que árduo, fosse tão sublime. Apreendemo-nos, ao nos reinventar – como tantos outros. Daí que, por 12 horas diárias, semanalmente (professor é assim), fomo-nos resignificando.  Não isolados, mas num aprendizado de confinados, em comum partilha com outros – num silêncio ‘falado’, isolado, mas não calado – partícipes (continuamos falar com nossos alunos).  E, cada qual, dos leitores, tem, em diversas formas, essa experiência. Daí a reflexão de que nós, precisemos ‘arrumar, organizar, o fundo dos nossos quintais’.

Se “todo aprendizado merece esquecimento”, como dizia Rubem Alves, estamos nos aprendendo, numa contínua ressignificação…

Alexandre da Fonseca, Neuropedagogo, graduado em Pedagogia e Filosofia.