Para ter melhor compreensão sobre os aspectos e dimensões de uma cassação de mandato de prefeito, a FOLHA MACHADENSE ouviu os ex-prefeitos José Carlos Vilela (1993/96), José Miguel de Oliveira (1997/2004) e Roberto Camilo Órfão Morais (2009/2012) sobre o assunto. Os textos foram enviados por escrito, para que ficassem à vontade para discorrer um dos capítulos mais dolorosos da história política de Machado.
JOSÉ CARLOS VILELA
Prefeito de Machado entre 1993/1996
Penso que o processo de cassação de um prefeito municipal seja um processo doloroso, de sofrimento para quem cassa e, mais ainda, para quem é cassado.
Cassar o mandato, tirar os direitos políticos de um cidadão é um ato angustiante para ambos, vereadores e prefeito.
Isso acaba de acontecer em Machado. Um acontecimento ruim, com o qual nós podemos aprender.
Não podemos dizer que uma cassação é natural. O motivo, o custo da cassação é caro: menos educação, menos saúde, menos programas sociais. Não conheço o processo de cassação, não posso opinar se está certo ou errado, mas, se houve definição pela Câmara Municipal sobre a cassação por vários motivos não explicados pelo prefeito, é provável que tenha havido desmandos. Sou sensível ao sofrimento dos vereadores e do prefeito cassado.
Não quero e não vou julgar ninguém, mas serve para nós como alerta. No livro de Dante, “A Divina Comédia”, ele reserva 10% do inferno aos corruptos, então, é preciso cuidado. Uma coisa é certa: o fato consumado “não pode ser e não ser ao mesmo tempo”; é o princípio da não contradição.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades diz Camões. As eleições estão aí, é bom questionar o seu candidato:
* Por que você vai se candidatar?
* Quais são seus objetivos?
* Quais são as prioridades da cidade de Machado?
* Qual a visão que você tem sobre a pessoa humana, o país, o mundo?
* O que você pensa sobre o governo federal?
* Qual é o seu planejamento para o Município? (Cobrar depois de eleito)
* Perceber se os interesses do seu candidato são particulares ou estão voltados para o coletivo.
* O seu candidato sabe respeitar o diferente?
Quando se fala em política, parece ser assunto que se dirige a políticos profissionais. É o tipo de atitude autoritária em que o povo torna-se um bando de cordeiros obedientes e não interfere nos rumos da cidade. O povo é quem delega o poder, pois, ninguém tem poder por si mesmo; o poder político é delegado por outro.
Temos o direito e o dever, como cidadãos, de participar do jogo político, tomando conhecimento dos fatos, sendo vigilantes. O cidadão deve gerar uma sociedade participativa, transparente, aberta às discussões, ao conflito de opiniões onde pensamentos diferentes são acatados.
As pessoas não nascem prontas, aprendem sempre e continuamente. Esse ato histórico para Machado nos ensina a termos decisões melhores.
Martin Luther King, sabiamente nos diz: “O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem caráter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
- NR. A opinião de José Miguel de Oliveira e Roberto Abobrinha também serão compartilhadas.