segunda-feira, 4 de novembro de 2024

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“SIMPLICIDADE” – A humanidade já perdeu, há muito, sua inocência

Simplicidade

Cercados pela tragédia que já ceifou no Brasil mais de 350 mil vidas, assistindo pelas mídias/redes sociais as investigações que revelam a barbárie, o assassinato de uma criança de 04 anos, podemos constatar que a humanidade já perdeu, há muito, sua inocência.

Mergulhada na banalidade do mal, onde a máxima de René Descartes – “Penso, logo existo!”, foi substituída pelo:  “apareço, logo existo”!

Temos visualizado a hipocrisia daqueles que, em público, se autoproclamam homens e mulheres de bem, mas na escuridão de suas masmorras existenciais, exercem as mais sórdidas práticas de desrespeito à dignidade e valores éticos. “Humano, demasiado Humano”, diria Friedrich Nietzsche.

Diante desse cenário de dor e indignação, tenho encontrado na virtude da Simplicidade um excelente antídoto, pois, essa virtude contraria a superficialidade, o hedonismo e intolerância do momento.

Refletindo, percebemos com facilidade a oposição entre Simplicidade e atitudes como soberba, ira, luxúria, vaidade. Atitudes mesquinhas combatidas na história por aquele “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”, o Cristo que, na simplicidade, assumiu plenamente a natureza humana para restituir o Bem e a Verdade.

Deus é a simplicidade Absoluta, por isso, nossa limitação em entendê-lo.

Mas como podemos definir a Simplicidade e porque ela é um excelente antídoto contra banalidade do mal?

Simplicidade não deve ser confundida com simploriedade, pois, a pessoa simples não é desprovida da capacidade de elaborar, de questionar.

Inteligência não é sinônimo esnobismo, arrogância, pelo contrário, ela é sinônimo de humildade, que vêm de húmus: fertilidade.

A realidade das coisas da vida se mostram complexas e simples, como afirma Goethe: “Tudo é mais simples do que podemos imaginar e, ao mesmo tempo, mais intricado do que poderíamos conceber”.

A Simplicidade está expressa nos versos do poeta e místico Ângelus Silesius: “A rosa não tem porquê, floresce porque floresce; não se preocupa consigo, não deseja ser vista”.

Simplicidade é sinônimo de bom senso, é competência e habilidade na arte de traduzir o mais incompreensível ao mais simples. Basta observar que o conhecimento está na clareza das ideias e não na obscuridade.

Simplicidade é Graça, sabedoria dos Santos, sempre generosa, como demonstra São Francisco de Assis; o “Primeiro depois do Único”, ao vivenciar no século XIII, de forma intuitiva, o que a mais refinada ciência apresenta, ou seja, todo o universo está interligado: somos todos irmãos e irmãs, no suave e belo “Canto das Criaturas”!

Portanto, a Simplicidade é a virtude das virtudes, sem ela, segundo André Sponville, a humildade seria expressão pernóstica; a coragem exibicionista.

A Simplicidade é um modo de ser e agir, que tem por essência a alegria, espontaneidade e frescor. Ela é o caminhar sereno e leve de amor, onde podemos dizer sim e amém às belezas da Vida!

Roberto Camilo Órfão Morais