domingo, 10 de novembro de 2024

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Poeta Wally Salomão é o homenageado do Festival Rio Psiu Poético

Considerado o mais antigo festival de poesia do país, o Psiu Poético de Montes Claros, criado há 37 anos, inaugura nesta sexta-feira (16), às 18h, o 1º Festival de Arte Contemporânea Rio Psiu Poético, fazendo a ponte entre a cidade do norte mineiro e a capital fluminense. O Psiu Poético caracteriza-se pela itinerância, passando por várias cidades brasileiras ao longo de sua existência. No Rio, foi realizado durante apenas um dia nos anos de 2014 e 2017.

Em sua primeira edição carioca abrangente, o festival homenageia o poeta Wally Salomão, nascido em Jequié, Bahia, no dia 3 de setembro de 1943, e falecido no Rio de Janeiro, em 5 de maio de 2003. Salomão participou, na década de 1960, do movimento tropicalista, e foi figura importante da contracultura no Brasil nos anos de 1970. Atuou em diversas áreas da cultura brasileira. Escreveu seu primeiro livro Me segura qu’eu vou dar um troço, no Presídio do Carandiru, em São Paulo, onde foi preso durante a ditadura militar. Em 1997, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura com o livro de poesia Algaravias. O último livro, Pescados Vivos, foi publicado em 2004, após sua morte.

Foi letrista de canções de sucesso, como Vapor Barato, em parceria com Jards Macalé, e teve composições interpretadas por Maria Bethânia, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, Gal Costa e O Rappa. No início da gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, Wally Salomão foi secretário nacional do Livro. Uma de suas propostas era a inclusão de um livro na cesta básica.

“Era uma figura ímpar na poesia. Produziu os primeiros trabalhos da Gal [cantora Gal Costa], tanto espetáculos quanto discos”, disse à Agência Brasil o coordenador -geral do Psiu Poético de Montes Claros e do 1º Festival de Arte Contemporânea do Rio, Aroldo Pereira.

Integração

Todas as atividades do Psiu são gratuitas e acessíveis ao público. “É a integração com a linguagem literária, com a arte, de forma geral”, afirmou o poeta Aroldo Pereira. O evento será aberto oficialmente às 18h, na calçada e nos arredores da Casa do Tá na Rua, Rua Mem de Sá, 35, na Lapa, região central do Rio. Haverá lançamento de livros, sarau e apresentação musical.

“A gente vai concentrar lá e circular com poetas de vários estados. Vamos interagir e chamar as pessoas para o abraço da poesia. A cena poética do Rio estará em peso”, disse Aroldo. Jovens do Ponto de Cultura Fazendo a Diferença em Paquetá vão fotografar o evento.

A programação é intensa e se estenderá até quinta-feira (22) em diversos pontos do Rio. Neste sábado (17), as atividades começam às 11h, junto à estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade (foto), na Avenida Atlântica, Posto 6, em Copacabana, de quem Aroldo Pereira foi vizinho quando garoto. “Vamos dar um abraço nele poeticamente.”

As ações prosseguem partir das 18h, no Centro Cultural da Justiça Federal, na Avenida Rio Branco, 241, no centro. A curadoria é de Tchello d’Barros. Haverá performances de Fernando Gerheim, Gringo Carioca, Igor Fagundes, Lili Balonecker, Lucília Dowsley e Brenda Marques Pena.

No domingo (18), o festival prossegue, das 15h às 17h30, nas Dunas do Barato, conhecidas como Dunas da Gal, na Praia do Arpoador, em Ipanema, em frente à Rua Teixeira de Melo, com um sarau artístico em homenagem ao poeta Wally Salomão. O grupo de teatro Bota Abaixo fará um esquete, ao final.

O evento tem concentração na segunda-feira (19), no Bar Ernesto, na Rua da Lapa, 41, no centro, ao lado da Sala Cecília Meireles, das 17h30 às 21h30, com apoio da Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro. No dia seguinte (20), o festival chegará às Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), em Botafogo, a partir das 18h.

Consciência

“A Facha recebe este projeto entrando no circuito nacional de poesia. É de extrema relevância, pois a poesia é a expressão direta da consciência de um povo. A Facha sempre foi vanguarda nas linguagens artísticas”, afirmou o coordenador do Núcleo Artístico Cultural e professor de Cultura e Diversidade da instituição, Sady Bianchin. Aroldo Pereira destacou que a parceria com a Facha se dá porque a instituição “tem ligação com a cultura, tem professores ligados à questão que trabalham com a literatura, o teatro, a música, com essa sensibilidade social.” Haverá ainda mostra de videopoemas.

No dia 21, a Academia Brasileira de Letras (ABL) também prestará homenagem a Wally Salomão, em sessão que com início às 17h. Na abertura, haverá exibição do vídeo Psiu Poético Rumo aos 40: uma história de amor e lutas e, no encerramento, apresentação da Banda Flores de Plástico.

No último dia do festival, quinta-feira (22), as atividades começarão às 10h, no Ciep 303 Ayrton Senna da Silva, Autoestrada Lagoa-Barra, em São Conrado, onde haverá poesia circular, com participação de estudantes e professores e de poetas visitantes. Serão lançados os livros Pensamentos, despensamentos e etc, de Márcia Ribeiro Joviano; Reminiscências: Contos da Minha Existência, de Nelson Jesus do Nascimento; Perspectivas, Ilusões e Contentamentos, de Juliana Berlim e Livros das Linhas e Futurografia, de João Diniz.

A Biblioteca Parque da Rocinha – C4, na Estrada da Gávea, 454, encerrará o evento, às 18h, com programação que envolve visita guiada, monólogo, sarau e outras ações, além da poesia circular, na qual os alunos poetas são os principais atores da cena. “Todos, inclusive professores, usam a voz dentro desse processo”. Na avaliação de Aroldo Pereira, o festival faz a integração da linguagem cantada, falada e escrita. “Ela se processa de forma geral dentro do festival, que é de arte contemporânea, literalmente”.

Montes Claros

Realizado ininterruptamente desde 1987 na cidade de Montes Claros, o Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, antigo Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, é o maior e mais duradouro evento do gênero no Brasil. Já foram realizadas também cinco edições em Belo Horizonte.

O evento na cidade mineira é realizado anualmente entre os dias 4 e 12 de outubro, englobando poetas e artistas de todo o país e tem característica de inclusão permanente, integrando o público aos poetas participantes dos encontros. Depois do festival no Rio, Aroldo Pereira informou que começarão os contatos com universidades, escolas e autores de diversas regiões do país visando à realização da edição deste ano do Psiu Poético de Montes Claros.

Fonte: EBC GERAL