terça-feira, 22 de outubro de 2024

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Pesquisa mostra o drama da armazenagem de grãos enfrentado pelo agronegócio

Uma pesquisa abrangente realizada pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Logística Agroindustrial (Esalq-Log) da Universidade de São Paulo (USP) traça um perfil completo da armazenagem de grãos dentro das propriedades rurais do país.

O deficit na armazenagem de grãos no Brasil chega a 118 milhões de toneladas. Nos últimos 15 anos, a produção tem crescido cerca de 10 milhões de toneladas a cada safra, enquanto a capacidade de armazenamento apenas consegue abranger a metade desse volume.

Especialistas destacam que o país precisa de um investimento anual mínimo de R$ 15 bilhões em infraestrutura de armazenagem para, pelo menos, acompanhar o ritmo de crescimento da produção agrícola.

Com 1.065 produtores rurais entrevistados, a pesquisa proporcionou uma visão aprofundada sobre as práticas e perspectivas de armazenamento de grãos em meio aos desafios e demandas da indústria agropecuária.

De acordo com os dados levantados:

  • Cerca de 61% dos produtores de grãos não possuem sistemas de armazenagem em suas fazendas. Essa falta de infraestrutura revela uma lacuna significativa na capacidade de estocagem direta.
  • Surpreendentemente, 72,7% dos produtores rurais expressaram interesse em investir em armazenagem, desde que fossem oferecidas taxas de juros atrativas.
  • A necessidade de ampliar a capacidade de armazenagem foi apontada por 54,0% dos produtores, com o objetivo de acomodar o aumento na produção própria.
  • Os principais motivos para a busca de infraestrutura de armazenamento foram o desejo de atender a terceiros e lidar com a produção própria, citados por 15,9% dos entrevistados.
  • Em contrapartida, 30,1% dos produtores afirmaram não ter interesse em investir em armazenagem.

As regiões mais interessadas em expandir sua capacidade estática de armazenagem foram o Norte (82,7%), o Centro-Oeste (78,4%) e o Matopiba (73,3%).

A pesquisa também ressaltou os benefícios econômicos trazidos pela armazenagem aos produtores rurais. Em um período de três safras, 40,8% dos entrevistados obtiveram ganhos entre 6% e 20% em relação ao preço médio na época da colheita.

Outro destaque é a economia no custo de transporte, uma vez que o valor do frete tende a aumentar durante o pico de escoamento da safra de grãos.

A pesquisa revelou que a capacidade média total de armazenamento no Brasil é de 159.385 mil sacas de grãos. Essa capacidade varia regionalmente, com o Centro-Oeste comportando 214.592 mil sacas, o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) com 201.551 mil sacas e a região Sul com 141.565 mil sacas.

Quanto ao tempo de ocupação dos armazéns, a média nacional é de 31,6%. No entanto, 29,3% dos produtores armazenam grãos por 4 a 6 meses, enquanto 23,8% os mantêm por 10 a 12 meses.

As principais dificuldades enfrentadas na gestão da armazenagem própria incluem a falta de profissionais qualificados (24,8%), perdas físicas e de qualidade dos grãos (16,5%), controle da umidade (7,8%) e alto custo de aquisição e necessidade de capital de giro (7,3%).

A pesquisa também revelou que, em 2021, 66,4% dos produtores que não possuíam infraestrutura de armazenagem optaram por serviços de terceiros. As regiões com as maiores taxas de contratação foram o Centro-Oeste (86,5%), Sul (77,4%), Norte (64,9%) e Matopiba (59%).

Além disso, a pesquisa destacou a distância média entre a área de produção e o armazém, que é de 35,1 quilômetros em nível nacional. O estado do Piauí apresentou a maior média de distância percorrida (110 km), enquanto o Rio Grande do Sul registrou a menor média (16,1 km).

O estudo faz parte do “Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil”, um amplo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre uma das principais atividades primárias da logística e que é fundamental para a competitividade dos produtores e do agro brasileiro.

Fonte: Pensar Agro