domingo, 22 de dezembro de 2024

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O que é o El Niño e por que tem causado tanto calor no Brasil?

Inmet emitiu alerta para cinco estados por conta da onda de calor
Reprodução

Inmet emitiu alerta para cinco estados por conta da onda de calor

A onda de calor que atinge o Brasil nos últimos dias deve piorar na segunda-feira (13) . Isso ocorre por conta dos efeitos do fenômeno climático El Niño, o principal responsável por elevar a temperatura no país.

De acordo com os meteorologistas, o ápice do fenômeno deve ocorrer no verão, entre o fim de 2023 e o início de 2024. Ou seja, a previsão é de que o Brasil continue batendo recordes de temperaturas.

Os cientistas do Copernicus, sistema de observação da Terra da União Europeia, também alertaram que 2023 deve ser o ano mais quente já registrado — o mês de outubro já foi o mais quente da história , com temperatura média da superfície do ar de 15,30ºC, sendo 0,40ºC mais alta em relação ao recorde anterior, ocorrido em 2019.

A expectativa, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), é que o El Niño perca intensidade somente no outono de 2024 .

O que é o El Niño?

“O El Niño é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico na região do Equador, então quando essas águas estão mais aquecidas, a gente tem o fenômeno”, explica a meteorologista da Climatempo, Maria Clara Sassaki.

“Como consequência das águas aquecidas, nós temos também o aumento de temperaturas na vertical da atmosfera, potencializando o calor que já é comum na primavera, mas levando ao extremo”, completa a especialista.

Maria Clara destaca que as ondas de calor podem provocar novos recordes de temperatura decorrentes de outros fatores além do El Niño.

“O El Niño é uma boa quantidade de energia, ele tem uma área bem grande do oceano com temperaturas acima da média e nós temos também outras áreas do globo também com temperaturas acima do normal. Quanto mais calor no oceano, mais energia a gente tem na atmosfera. Então temos as águas dos outros oceanos mais aquecidas do que o normal, temos ainda, nessas condições de energia, o aumento do número de focos de incêndio de grandes proporções, como é o caso da Amazônia, que tem registrado muitas queimadas e está com a temperatura muito acima do normal. Os gases do efeito estufa que também contribuem para elevação das temperaturas de uma forma global. Tudo isso acaba influenciando”, diz a especialista da Climatempo.

Onda de calor

Na quinta-feira (9), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de perigo para cinco estados devido à onda de calor. O aviso vale para São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. De acordo com o Inmet, as temperaturas nesses estados devem ficar até 5ºC acima da média. Em algumas cidades do Centro-Oeste, os termômetros devem ultrapassar os 42ºC.

Segundo a MetSul Meteorologia, as ondas de calor duram entre quatro e sete dias, mas esta deve se estender por dez dias e pode chegar até duas semanas. As máximas são incomuns para a época. Mesmo em cidades com calor muito intenso, os termômetros devem alcançar de 10ºC a 15ºC acima da climatologia histórica.

De acordo com a meteorologista Maria Clara Sassaki, os dias 16 e 17 desse mês serão os mais quentes e só depois a onda deve diminuir.

“O ápice deve acontecer por volta do dia 16, 17, mas ela não deve encerrar nesses dias, depois ela tem é uma queda, uma diminuição na magnitude das temperaturas”, diz a especialista.

Sassaki ressalta ainda que, apesar do calor, devem ocorrer chuvas isoladas e preocupantes, por haver uma umidade característica da primavera.

“São chuvas muito pontuais, o que predomina mesmo é o tempo mais firme. A tendência para essa onda de calor é que haja algumas instabilidades, porque é normal dessa época do ano”, afirma.

“Isso é um perigo, porque você tem uma condição de temperaturas muitíssimo elevadas, passando de 40 graus e uma unidade que consegue formar uma nuvem de chuva que se desenvolve muito rápido, provocando as tempestades de fim de tarde. Essa combinação de chuva e de calorão é extremamente preocupante, porque essa chuva pode ser com granizo, pode vir com trovoadas e até com rajadas de vento de moderada até forte intensidade, mesmo que seja uma chuva localizada pontual”, acrescenta a meteorologista.

Fonte: Nacional