O prefeito cassado: quem ganha? Quem perde?
Roberto Camilo Órfão Morais
Prefeito de Machado 2009/2012
Em um país em que se vive tempos difíceis e confusos, a cassação do Prefeito de Machado, em plena Pandemia, não está fora da curva da doença do vírus chamado arrogância, ausência de respeito às coisas públicas, respeito ao povo.
A pergunta que estamos ouvindo é: quem ganhou ou quem perdeu? Vamos lá: partindo do pressuposto que houve ausência de transparência e falta de diálogo entre os Poderes Executivo e Legislativo, podemos afirmar que a normalidade democrática venceu. A credibilidade da política mostrou-se ativa.
Partindo da estabilidade administrativa, execução de ações públicas, principalmente no que se refere à pandemia, em um momento de ‘lockdown’, todos os machadenses perderam, pois, em momentos como esses, se faz necessário uma liderança lúcida e coesão, conduzindo para a superação das dificuldades.
Não foram percebidas grandes comemorações da cassação, pois, não há o que festejar. Afinal, o inexpressivo reinou em diversos momentos nesse período. A cassação foi resultado da equação da arrogância, ausência de diálogo com o parlamento (onde a população está melhor representada) e má assessoria.
Ficaram muitas lições:
1 – O erro em negar a prática política, com um discurso eleitoreiro de negação da ação da própria política, em cima de uma falácia, sofisma de… “Novo.” A história é implacável com os erros, com as contradições.
2- Humildade, que vem de húmus, terra fértil, diálogo, faz bem no exercício da gestão pública.
3- O povo machadense, o grande perdedor, que se vê envergonhado diante de cenas patéticas, necessita aprender a não acreditar em ‘salvadores’ ou ‘salvadoras da pátria’; em mitos.
4- A cidadania se constrói com participação e não com mentiras. Posturas como não dar importância a quem pensa diferente, não respeitar as diferenças… condutas de intolerância, de arrogância de se achar melhor, puro/honesto em detrimento às demandas populares, na maioria das vezes legítimas.
5- Enfim, democracia se aprende votando. Teremos novas eleições em novembro. Aprendamos a errar menos e a acreditar mais na política como exercício de trabalho e, jamais, acreditar no moralismo (doença da ética), que esconde na demagogia os seus verdadeiros interesses, ou seja, manter a ineficiência e os privilégios.
O mundo é uma construção do sujeito!