segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

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O Brasil, os Estados Unidos e a China

Cesário Melantonio Neto
Divulgação

Cesário Melantonio Neto

Há uma crescente rivalidade entre os Estados Unidos e a China pela hegemonia do sistema internacional. Os analistas se dividem em dois grupos: aqueles que sustentam que uma competição crescente nos campos de segurança, economia e tecnologia poderia levar a uma guerra no entorno de Taiwan; e outros que veem o peso da interconexão econômica entre os dois países como um fator a mitigar a rivalidade política dado o alto custo de um eventual conflito.

Lamentavelmente o anterior governo reduziu o tamanho do Brasil transformá-lo numa espécie de parceiro secundário da polícia dos Estados Unidos durante o período Trump.

Correção da política Com relação a competição sino-americana não há uma resposta unívoca, ou seja, não há condição de se prever qual fator será a tendência, se a cooperação ou o conflito.

As duas possibilidades estão abertas e dadas.

Nossa expectativa é que a cooperação venha a triunfar, mas não é possível hoje fazer uma previsão, pelo menos não com os dados de que se dispõe e no contexto da conjuntura geopolítica.

Por outro lado, é bom lembrar que o establishment americano não tem elevado a importância do Brasil em sua agenda. Percebo que continuamos sendo periféricos em termos prioritários e estratégicos na agenda de Washington, o que posiciona Pequim em uma conjuntura melhor em relação ao Brasil.

O Brasil, pelo seu tamanho e dimensões, pode e deve dialogar com os grandes. De fato é um país que faz parte do tecido internacional, seja pela superfície, seja pela economia, a população e a democracia.

Estamos certamente entre as grandes nações e ao mesmo tempo temos os pés sitiados no hoje chamado Global South, o que nos confere uma imensa habilidade de construir determinados consensos, de explorar o multilateralismo, como sempre fizemos, com muita legitimidade e experiência.

Estive recentemente em seminário da fundação Papandreu sobre o conflito russo-ucraniano e muitos participantes se perguntaram por que essa necessidade de expandir a OTAN e, de certa forma, estabelecer um cerco sobre a Rússia. As respostas foram vagas e cheia de contradições. Isso nos coloca de volta sob o risco de uma guerra nuclear. Daí a importância da contribuição brasileira para um processo de cessar-fogo e de paz.

Houve o compromisso de que não haveria expansão da OTAN e o que ocorreu foi o contrário.

Uma guerra na Ucrânia no coração da Europa e muito diferente de uma na Ásia ou no oriente médio. As possibilidades de risco de expansão dessa situação e de perda de controle ou derrapagem são enormes. Os Estados Unidos estão cada vez mais deixando de lado a guerra por procuração e se envolvendo diretamente com no confronto com a Rússia.

E isso não vai levar a boas perspectivas ou resultado.

O Brasil na próxima cúpula dos Brics e na reunião na Arábia Saudita terá condições de contribuir para a busca de uma solução para a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A nossa posição de equilíbrio entre as maiores potências deve continuar e faz parte da reinserção brasileira no mundo e da defesa do nosso interesse nacional.

Fonte: Nacional