EDITORIAL
Ruídos no discurso
Edelson Borges da Silva
Diretor-responsável
Escrito pelo general e filósofo chinês Sun Tzu, no século IV antes de Cristo, o tratado militar ‘A Arte da Guerra’ teve seu texto [ou, fragmentos dele] apoderado, nas últimas décadas, por executivos, homens de negócios, vendedores e marqueteiros políticos. Mas, o tratado precisa ser muito bem estudado, pois, o estrategista militar Sun Tzu o redigiu em 13 capítulos.
Napoleão Bonaparte, Mao Tse Tung, Zhuge Liang teriam se utilizado de modos de compor panoramas para vencer batalhas sangrentas. Uma guerra é como o combate a uma pandemia. E, em uma guerra, entre as principais ferramentas estão a comunicação e o comando único aos subordinados e soldados. Avançar! Recuar! Uma ordem correta num momento errado poderá provocará baixas e levar à morte todo um batalhão.
Sun Tzu escreveu: “aquele que se empenha a resolver as dificuldades, revolve-as antes que elas surjam”. No caso do combate à pandemia da COVID-19, o prefeito Maycon Willian decidiu avançar, num cenário que deveria ter recuado, diante do contexto regional. No decreto publicado dia 21 de maio de 2021, no artigo 5º da Deliberação nº 28, ficou autorizado o retorno às atividades para os servidores públicos com mais de 60 anos e com comorbidades, já vacinados com duas doses. – O momento expira cuidados!
Na mesma deliberação, estava autorizado o retorno às aulas das redes pública e privada de ensino, no segundo semestre, observando as condições sanitárias aplicadas ao Programa Minas Consciente. – Todo cuidado é pouco!
“Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso, é preciso ver o que está invisível”, sentenciou o chinês Sun Tzu, 400 anos antes de Cristo.
Esta semana, uma leitora escreveu à FOLHA pedindo que o prefeito Maycon Willian informe, com todas as letras, em quais bairros a incidência de COVID é maior. A ex-prefeita Ana Maria Gonçalves fazia isso no ano passado, quando o Novo Coronavírus ainda não ceifava vidas tão próximas. – Empresária, ela sinalizou a falta de protocolo no atendimento às pessoas contaminadas. “No mínimo, imprudência”, redigiu.
Numa guerra, como a travada contra a COVID, são necessários escudeiros comprometidos com a informação sem ruídos. Os comandados [no caso a população] precisam ter real noção do perigo. Do contrário, ocorrerá como foi a decretação do lockdown em Machado.
É preciso informar, diariamente, como fazem cidades como Paraguaçu e Poços de Caldas, os números de casos de pessoas internadas em UTIs e outras cenas dramáticas que vivemos.
E, como redigiu Sun Tzu: “comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização”.
NR. – Editorial publicado no jornal FOLHA MACHADENSE, edição de sábado, dia 05 de junho de 2021.
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