quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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Roberto Camilo Órfão Morais - Folha Machadense 001
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“DEUS ESTÁ MORTO”? Texto de Roberto Órfão, colunista da FOLHA

Deus está morto?

Estamos assistindo nestes últimos dias a um verdadeiro filme de terror, com histórias de arrepiar, onde os principais personagens são líderes religiosos. A verdade é que o Brasil se tornou um território fértil para o enriquecimento e busca do Poder, usando a religião como instrumento.

Com discurso moralista, vai sendo criado uma rede de fake news, em uma onda de intolerância, preconceito e violência. Podemos dizer que estes são os vendilhões dos templos que utilizam o discurso religioso para mascarar seus nefastos interesses. Abusando das emoções, manipulando pessoas de boa vontade, fazendo cair em banalidade o “Sentido do Sagrado”.

Alguns apressados, diante dessas cenas de horror, passam a negar a relevância do religioso e mordem a isca desse “talibanato tupiniquim”. Postam, nas redes sociais, frases descontextualizadas de pensadores, como de Friedrich Nietzsche: “Deus está morto”. – A meu ver, uma forma equivocada de se combater esse estratagema de Poder.

O desafio é o de compreender a religiosidade, sem que se permita a manipulação por parte dos vendilhões, corvos de mau agouro. Nesse sentido, recorro a Blaise Pascal, em uma carta que escreveu no ano de 1651, na ocasião da morte de seu pai. Em sua missiva apresenta o Ser Humano dotado de amor às coisas finitas e infinitas, sendo que para ele a origem de todo mal, está exatamente, na distorção, em amar as coisas finitas, fugazes, com esse amor infinito.

Cria-se então um vazio que, por sua vez, representa todos os dramas humanos como o “tédio, a tristeza, a mágoa, o despeito, o desespero”.

Pascal apresenta o Coração como mediador para satisfazer esse amor infinito: “é o coração que sente a Deus e não a razão. Eis o que é a fé. Deus sensível ao coração, não a razão”. Para ele o coração não nega a razão, mas coloca a razão no seu lugar, ultrapassa-a porque é superior.

Nessa mesma direção fiquei encantado ao ler as palavras do poeta português o cardeal José Tolentino: “acredito num Deus que dança isto é, num Deus que não se isenta do devir nem permanece neutro em relação às nossas histórias”.

É um erro negar a dimensão da Fé na luta para expulsar os vendilhões dos Templos; afinal, a religião é o principal sistema de sentido criado pela humanidade.

Concluo com a frase enigmática do filósofo Martin Heidegger, no decurso de uma entrevista televisiva: “só um Deus nos pode ainda salvar”.

Roberto Camilo Órfão Morais, professor do IFSULDEMINAS.