sábado, 23 de novembro de 2024

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O Governo vem de trem: sobre eleição e administração pública

AUTOR: José Jesus Leite

Amanhã o Brasil, se não houver segundo turno, ficará conhecendo o presidente da República que governará por mais quatro anos. Disso aí todos nós sabemos. Agora, o que verdadeiramente me preocupa (e a maioria dos brasileiros), será a atenção que o novo Chefe do Executivo Nacional dará às demandas essenciais para fazer o País avançar de forma adequada, tomando providências necessárias e urgentes.

Uma delas, a quem eu quero me deter, será a construção urgente de estradas de ferro. O Brasil precisa voltar a ser puxado pelas locomotivas. Corrigir o mais grave erro de gestão praticado na história da República. Isso ocorreu na época da Ditadura Militar, quando ela condenou os chamados políticos “comunistas” e o trem. Condenar meia dúzia de comunistas em um País, onde a população gigantesca não tem a mínima vocação a esta modalidade de governar e jamais terá, já seria um absurdo, e o trem? O maior impulsionador do progresso de todos os tempos? Enquanto os outros países modernizam as suas malhas ferroviárias para acompanhar a urgência das suas carências econômicas, no Brasil, simplesmente condenaram os comboios, como se eles produzissem os piores dos males.

Isso mesmo: logo o trem, que por 90 anos escoou a produção, fortaleceu a economia, transportou passageiros a preços módicos, levou mercadorias às comunidades distantes, fez surgir novas cidades, diminuiu as distâncias, responsabilizou-se pela industrialização do interior do País, fez (e ainda faz) parte da cultura do povo.

Fruto da revolução industrial para transportar o que as fábricas produziam, desde 1814, é totalmente inviável se pensar em um país sem estradas de ferro. Somente uma política retrógada como a praticada na ditadura de 64, que não trouxe nada a acrescentar, fora capaz de provocar um erro tão brusco.

O Brasil tem que ser pensado com grandeza, até bem maior do que a sua érea territorial, por quem lhe governa. É tristíssimo assistir a cena patética de um governante, que no seu discurso de posse, no parlatório do Palácio do Planalto, já prioriza a sua reeleição como meta a ser alcançada, esquecendo de tantos problemas que deveriam ser encarados com coragem, parceria e harmonia entre os poderes.

O que temos observado e lamentado profundamente, além do medo, é ver um país mais pobre, enfraquecido e dividido por ideologias absurdas. Isso sem contar com a desigualdade que avança em proporção geométrica. Não. Não queremos regredir nas ações e pensamentos. Enquanto nas escolas buscamos aplicar teorias construtivistas ou as metodologias de Paulo Freire, que produzem a educação associada à razão, nas ruas, a sociedade é provocada a cultivar o ódio e banalizar a democracia para dá sustentabilidade a quem quer se perpetuar no poder.  Isso chama-se ditadura. E as ditaduras não trazem nada de positivo. Apenas violência, atraso, autoritarismo e nada mais. Governar não se resume tão somente á construção de prédios, mas a construção social.

Então, quem ganhar, que tenha acima de tudo amor à Pátria (Pátria para muitos etimologistas seria hoje uma palavra gasta), isto é, chamar para si a responsabilidade que lhe aguada. Produzir uma gestão sem ódio, fazer investimentos em programas sustentáveis, para produzir emprego e renda.

O trem por exemplo, além de produzir fretes baratos, vai diminuir em mais de 50% a queima de combustíveis fósseis, que tanto agridem ao meio ambiente e gerar mais de cinco milhões de empregos, direto e indiretamente.  Não me canso de repetir quantas vezes seja necessário: nenhum país consegue avançar no desenvolvimento sem o trem e a navegação de cabotagem (se ele for marítimo). Sem o trem o Brasil deixou de crescer, ficou quase parado no tempo.

Portanto, quem chegar ao Planalto que cuide bem da educação, da saúde (preventiva e curativa) da assistência social, mas que priorize o trem como meta urgente.

A propósito:         quero destacar a visão evoluída da Folha Machadense, responsável pela criação do Instituto Machadense de Arte e Ciências, que criou e mantém o Museu do Trem e do Café. Curiosidade: é este o primeiro museu que conheci, cujo objetivo não se volta somente para guardar a memória, mas um instrumento de protesto contra a extinção do trem.

Os novos deputados, deputadas, senadores e senadoras, se querem ver o Brasil na linha, usem na tribuna e nas suas proposições as sábias teorias do professor José Vitor e com certeza, lutarão por uma das mais nobres causas que nos arremete a construção de um país que queremos. Este conselho também serve para os governadores e ao presidente da República.

Votem bem e até sábado, na edição impressa da FOLHA!