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EDITORIAL: “UM POLÍTICO IMATURO” / Folha Machadense, 27/06/2020

EDITORIAL
UM POLÍTICO IMATURO

O prefeito Julbert Ferre tem demonstrado, ao longo do mandato, ser um político que não aprende com os próprios erros. Alguns feitos, claro, serão creditados à sua Gestão, carente de obras e realizações, por enquanto. O político carece, também, de carisma. Julbert não é visto circulando pelas ruas; não cumprimenta as pessoas, no dia-a-dia. Aliás, prefere isolar-se numa espécie de ‘bolha’, onde costuma abrir os ouvidos aos que lhe lançam elogios.

Ditado popular diz: “os verdadeiros amigos são os que nos abrem os olhos”. – Julbert parece não gostar das falas sinceras; dos alertas; do contraditório. Se é [ou for] criticado, mesmo que em entre quatro paredes, prefere isolar o interlocutor. – Por isso, tem colecionado adversários políticos; aliados de primeira-hora, na maioria das vezes.

Julbert, eleito como vice-prefeito na chapa de Carlos Alberto Pereira Dias, está há seis anos na condição de chefe do Executivo, dos oito anos de Prefeitura que terminam em 31 de dezembro. – Distante de ser um líder político como fora Carlos Alberto, Dr. Jorge Eduardo Vieira de Oliveira, Rubens Garcia, Chicão, Walter Palmeira, que, mesmo num mandato tampão, como prefeito, conseguiu mostrar que o café, para Machado, não seria a única fonte de renda; apesar de ser e considerar sendo a principal.

Carlos Alberto, elogiado e criticado por essa FOLHA, ao longo de décadas, por grandes obras e alguns desmandos, sempre manteve relação respeitosa com a Câmara. Mesmo crítica, tinha o hábito do diálogo. Nunca perdeu o olfato político e o ‘cheiro do povo’. Ouvia os mais simples; vez e outra, secretários. Era intuitivo! Algumas qualidades, virtudes e até mesmo defeitos, distinguem um homem público de outro.

O que não é tolerável são o revanchismo, a vingança e a tentativa de enfraquecimento ou menosprezo do poder fiscalizador: a Câmara de Vereadores. – Na defesa apresentada por seus advogados, na Comissão Processante que poderá levar à cassação de seu mandato como prefeito, Julbert parte para o ataque. Desqualifica o denunciante, vereador Clayton Nery, seu ex-apoiador e primeiro líder de Governo; ataca a assessoria Jurídica da Câmara, responsável por orientar os trabalhos legislativos. A assessoria jurídica da Câmara tem feito sua parte, assim como todos os funcionários do Poder Legislativo; sempre muito atentos e solícitos.

Sobre os termos utilizados em sua defesa, na tentativa de desqualificar a denúncia da Câmara, a FOLHA irá tratar na próxima edição, dia 04 de julho. Oportuno, uma vez que a Comissão Processante irá ouvir o denunciante, as dez testemunhas arroladas pelo prefeito e, o próprio chefe do Poder Executivo, se assim o quiser, no dia 09 de julho. Data foi mudada devido ao período de quarentena que o vereador Adriano Viana, o Peixinho, teria que cumprir, devido ao aparecimento de caso confirmado de COVID-19, no SAAE. – Exames mostram que nenhum funcionário foi contagiado pelo colega que apresentou os sintomas da doença, porém, o protocolo legal será cumprido, conforme o presidente da Comissão Processante, vereador Luiz Gonzaga Xavier. A oitiva das testemunhas seria anteontem, quinta-feira, dia 25. Uma testemunha apresentada pelo prefeito seria de Tubarão (SC) e outras duas, de Belo Horizonte.

Caberá ao Poder Legislativo julgar os fatos elencados na denúncia. Ser fiscal é se ater ao cumprimento das leis. Essa é a principal missão do vereador, ao ser eleito.

À imprensa, cabe noticiar; elogiar, quando necessário; criticar, quando preciso. E, foram muitos elogios ao longo das atuais Gestão e Legislatura, dos poderes constituídos em Machado. Elogio e críticas à Câmara. Muitas críticas à postura de alguns vereadores, compreendidas na maioria das vezes. Tanto é, que pela primeira vez na história, a Câmara voltou atrás numa posição sua e retornou à pauta um Projeto de Lei. Autorizou, mesmo que com redução de valores, que o Município contraísse empréstimo para a realização de obras. – Dias atrás, quando assinou contrato com a Caixa Econômica Federal, para a realização do FINISA (linha de crédito voltada à infraestrutura dos Municípios), o prefeito Julbert sequer fez menção à Câmara, num vídeo divulgado pelas redes sociais do Município.

Do mês de março para cá, quando a FOLHA MACHADENSE enfocou dano ambiental provocado pela multinacional EISA, no Distrito Industrial Walter Palmeira, o prefeito começou se ‘irritar’ com a FOLHA. Avaliou serem severas demais as críticas. Na ocasião, Julbert enviou comentário impróprio, por escrito, à Redação, através de aplicativo de troca de mensagens. [Detalhe: a FOLHA enfocou um dano ambiental provocado por uma empresa; não por sua Gestão]. – O jornal também questionou a contratação de buffet, num contrato que se aproximava de R$ 60 mil.

Antes mesmo da pandemia do COVID-19 tomar as proporções que chegou no Município e no Brasil, a FOLHA trouxe manchete revelando que 22% da população machadense estava em situação de risco alimentar. Edição número 2.323, de 10 de abril. – O prefeito não gostou da manchete, e fez questão de ser deselegante, em público, antes de uma reunião sobre a COVID-19, em Machado.

Tudo bem: a FOLHA entende! Agora, o que não dá para tolerar, é a atitude de retaliação do senhor Julbert Ferre, que anunciou que iria por fim ao contrato publicitário com o FOLHA [e, assim o fez] e contrataria veículo de imprensa de outro Município, que tem circulação ínfima em Machado. – Julbert prefere gerar emprego e renda em outros municípios. Aliás, veiculou anúncios em rádios e emissoras de televisão de Poços de Caldas.

Julbert quis cercear o direito à informação, por parte do leitor da FOLHA e dos cidadãos machadenses. O prefeito quis cercear o direito ao contraditório; o direito do debate. – Assim também o fez durante a campanha eleitoral de 2016, quando se recusou a participar de debate promovido pela FOLHA, nas ondas da Rádio Mais FM. O leitor também deverá se recordar, que, às vésperas da eleição de 2016, o espaço reservado ao candidato Julbert Ferre ficava em branco, pois não respondia às perguntas da FOLHA. – Com a máquina administrativa nas mãos, foi eleito prefeito, ainda sob a comoção da morte de Carlos Alberto Pereira Dias.

Na defesa protocolada na Câmara, junto à Comissão Processante, frisa que foi eleito com 13.309 votos; 60,71% dos votos válidos. – A mássica votação não o dá o direito de agir ao bel prazer.

A FOLHA, ao longo de seus 46 anos, sempre esteve ao lado do progresso. Noticiou grandes obras, como nas Gestões de Carlos Alberto, Dr. Jorge, José Carlos Vilela, José Miguel e Roberto Abobrinha. – Acompanhou diversas administrações e legislaturas e, nunca, deixou de elogiar e criticar.

Por tentar exercer o direito constitucional de qualquer cidadão de fiscalizar o Poder Público, o Município de Machado, através do prefeito Julbert Ferre, move ação na Justiça contra pessoas físicas e jurídicas, além de vereadores. Somente o ex-líder do Governo, Clayton Nery, responde a sete ações na Justiça. Sete!

O Município de Machado também processa o Observatório Social e o Cartório de Títulos e Documentos e Pessoa Jurídica, além dos cidadãos ligados ao Observatório Social, Alex Sandro dos Santos (pastor), André Delly Veiga, Carlos Miguel de Oliveira, Davi Branquinho da Costa Dias, Douglas Moreira Dias, Fábio de Lima Caixeta, Fábio Teodoro de Lima, José Solon Lima Júnior, Marcos Eduardo Salles Dias, Priscila Magalhães de Carli, Rosângela Aparecida da Silva, Sandro da Silva Oliveira, Sandro de Moura Santos, Virgílio Roberto Palmeira Caixeta e Wellington Teodoro de Lima. [Processo nº 0015492-62.2018.8.13.0390].

O Município não deve agir contra os seus próprios cidadãos, a não ser em caso de extrema gravidade. Fiscalizar os gastos do Poder Público, ao entender da FOLHA, é um direito de todos.

Machado precisa de maturidade política, acima de tudo. Precisa de diálogo e de pessoas que amam e querem o progresso desta cidade. – E, o prefeito precisa sair da ‘bolha’ que o cerca.

Edelson Borges da Silva
Diretor da FOLHA

Colunista Edelson - Folha Machadense